quarta-feira, 4 de setembro de 2013

No ar...

Tem alguma coisa que não percebemos
Tem alguém ai procurando por nós.
Onde está esta tal de democracia?
Alguma coisa está no ar.

Tem algo de estranho por aqui
Repressão e irresponsabilidade
Onde está a justiça neste país de impunidade?
Sim, alguma coisa está no ar.

Tem uma nebulosidade nos fatos
Violência e truculência
Alguém percebe que não somos os bandidos?
Meu amigo, algum coisa está no ar.

Tem alguém fugindo daqui?
Talvez os que cometeram os verdadeiros crimes
Como podem vocês, ladrões, apenar fugir?
Sem dúvida, alguma coisa está no ar.

Nesta rádio de frequências deturpadas,
Tem alguém ai, enxergando a gravidade dos fatos?
Estamos a beira do abismo entre a guerra e a paz.
Acreditem, alguma coisa está no ar!


segunda-feira, 29 de julho de 2013

O Manifesto do Partido Comunista - Análise Crítica

Este trabalho possui o intuito de fazer uma análise crítica acerca da Obra escrita por Karl Marx e Friedrich Engels intitulada de “O Manifesto do Partido Comunista” escrito em 1848 na Europa. De modo geral, a teoria política abordada no texto possui um carácter revolucionário descrito especificamente com o intuito de modificação e transformação da sociedade em que os autores estão inseridos. Isto se dá através de uma contatação de que analisando a história da humanidade sempre que algo se transformava nesta sociedade havia uma luta de classes envolvida, contatando inicialmente que as mudanças se dão através de uma luta, e que esta luta que gera as revoluções.
“O Manifesto” é uma obra de convocação da classe proletária e trabalhadora para se unir contra a opressão burguesa que se instaurava na época, onde a burguesia abusava da mão de obra operária nas grandes fábricas e manufaturas visando apenas o lucro e a produção. Então constata-se que no contexto dos autores precisava-se instaurar a luta entre os proletários e a burguesia, para com isso aproximar-se do que seria a base desta obra filosófica, o comunismo, este segundo o qual estava tornando-se conhecido em toda a Europa, mas faltava alguém com coragem para convocar os trabalhadores a fazer parte.
A ideia central do comunismo é uma ideologia onde haveria igualdade de classes, iniciando-se primeiramente por uma tomada do poder pela classe trabalhadora, para distribuição da renda que neste período encontrava-se apenas nas mãos da burguesia, para assim implementar uma sociedade de   igualdade de direitos e de condições de vida, onde o estado seria interventor e teria a obrigação de prover os bens primordiais e imprescindíveis as condições de vida humana. Nesta sociedade haveria saúde educação, segurança e empregos de igualdade de valor.  Onde não haveria exploração dos trabalhadores, pois todos trabalhariam pelo bem social e pela subsistência da comunidade como um todo.
A ideia do comunismo proposta por Marx e Engels sugere que se todos possuíssem um papel social de igual valor, viveriam em coletividade e não haveria exploração, superprodução, má distribuição da renda nas mãos de poucos, pois todos possuiriam iguais condições sociais. Com isto, seriam abolidas as noções de sociedade privada e o individualismo que se insere na sociedade do capital(sociedade capitalista), não haveria a necessidade da posse individual e elitista. O comunismo vai contra o poder na mão de poucos, a propriedade privada, a cultura burguesa elitista, o velho conceito de família imposto pela burguesia patriarcal, que gera preconceitos e segregações, mulheres e homens seriam tratados com igualdade de direitos e o nacionalismo ultrapassado, seria deixado de lado por um nacionalismo reacionário, onde o bem coletivo iria se sobrepor ao bem individual.
A obra trata de uma alternativa ao capitalismo que é segundo os autores uma ideologia alto destrutiva pois só se mantém se os meios de produção se alterassem periodicamente, Marx e Engels relatam como se formou a classe burguesa, como o campo tornou-se submisso a cidade e descreve é ao mesmo tempo uma convocação da classe trabalhadora e proletária que vem sido há muito tempo explorada, a lutar por melhores condições de trabalho, de direito e salários que fizessem jus ao lucro que a burguesia recebia com suor dos trabalhadores das fábricas e manufaturas, pois o empresário burgues que era detentor da propriedade, pouco suava para a resultante do trabalho das fábricas e era o que recebia toda a lucratividade da mesma, enquanto que milhares de trabalhadores com jornadas abusivas de trabalho, mal recebiam para sua subsistência.
A questão da abolição da propriedade privada que é no capitalismo uma simbologia sendo esta puramente meritocrática e visando apenas o acumulo de capital, é extinta por Marx e Engels pois esta, seria no comunismo propriedade do estado, que seria distribuída igualmente pelo mesmo aos produtores de diferentes tipos de manufaturas atendendo a todas as necessidades da sociedade envolvida na produção. Sendo necessário a utilização desta propriedade para a produção que atendesse a demanda de todos na sociedade, sendo a produção daquela propriedade um direito de todos os cidadãos em igualdade, esta propriedade seriam então não posse de um burgues que visa apenas o acumulo de capital, mas de todo o povo, visando a distribuição igualitária e justa a todos.
A ferramenta metodológica utilizada no texto é uma retórica persuasiva, a ideia do marxismo é  a tentativa de entender como se constitui a sociedade, qual a intenção dinâmica desta sociedade, é a tentativa de compreender a natureza humana, em tentar compreender ainda essa valorização do capital e dos produtos, ao invés da valorização do outro, sendo assim, é possível identificar em Marx um carácter humanista, de consideração do humano como produto de maior valor, enquanto que na ideologia do capital, a produção e o produto seriam os maiores bens e maiores valores para a sociedade. Neste sentido a teoria Marxista é ainda uma teoria muito atual, ela descreve o capitalismo melhor que ele mesmo, ela personifica a ideia de burguesia como nunca antes havia sido feito e graças a ela revoluciona o capitalismo pode ser aprimorado e mais humanizado do que antes era concebido.
Existe uma identificação de que a luta de classes é o que provoca as crises e revoluções sociais, o que sempre ocorreu ao longo de toda a história dos seres humanos, escravos e senhores, opressores e oprimidos. Com isto o sistema de castas, hierárquico e de repressão e opressão é posto a prova com a sugestão de uma sociedade pautada na igualdade de classes. Onde as relações de poder não tivessem tanta potência quanto a comunidade e a atividade do grupo. O principal valor seria o bem de todos. Este ideal de igualdade foi diversas vezes criticado e nunca consistiu em ocorrer na história da humanidade, tendo um carácter utópico, visto que os ideais capitalistas já estão enraizados nos nossos valores atuais, o que cria um abismo entre as duas ideologias. O capitalismo promoveu a popularização das cidades, esvaziou o campo, explorou o povo, oprimiu o trabalhadores e transformou o mundo em um grande mercado onde apenas sobrevive quem cooperar com o acumulo do capital, criando assim um grande mercado mundial. A burguesia que surgiu deste ideal, substituindo os feudais, simboliza os ideais capitalistas.
Marx e Engels elaboraram uma obra onde no primeiro capítulo trata-se da definição da burguesia e do proletário, da relação entre eles e da revolução executada pela classe burguesa que os fez detentores entre outras coisas da própria política da época. “O desenvolvimento da grande industria abala sobre os pés da burguesia a própria base sobre a qual ela produz e se apropria dos produtos. A burguesia produz acima de tudo seus próprios coveiros, seu declínio e a vitória do proletariado são igualmente inevitáveis.”(Manifestdo do Partido Comunista – Marx e Engels – Capítulo I – página 57 – 1º Parágrafo)
O segundo capítulo trataria de relacionar o pensamento dos proletários e trabalhadores com o pensamento comunista, o ideal comunista, produzindo uma união do pensamento e uma disposição geral de identificação entre os dois, visando atrais os trabalhadores para a ideologia. Sugere que os trabalhadores se unam de modo organizado para a obtenção de seus direitos e pela luta para a revolução social proposta pelo comunismo este pensamento pode ser visto até hoje com a presença dos sindicatos dos trabalhadores, que possuem um intuito semelhante de constituição de uma sociedade mais igualitária e justa. A luta proposta no segundo capitulo seria pelo poder da classe trabalhadora como força de trabalho e verdadeira responsável pela produção e pela lucratividade do burgues, demonstrando a força do proletário e da classe trabalhadora no momento e no contexto que estava inserida. O segundo capítulo parece descrito de modo direcionado a burguesia, é possível identificar a presença de ironia e uma dialética retórica onde é possível observar pergunta e respostas. Neste capítulo ficam claros os objetivos do comunismo tais como a derrubada da dominação burguesa, a união da classe trabalhadora que conquistaria o pode político tirando a propriedade da burguesia e do poder privado. Conclui o capítulo enumerando algumas medidas que deveriam ser adotadas para a constituição da revolução comunista e afirmando que como proletário no poder, extinguiria a luta de classes e transformaria a mentalidade da sociedade, que tomaria consciência da necessidade de uma vida coletiva.
Para concluir em seu terceiro capítulo, Marx e Engeles identificam e traçam os detalhes que constituiriam uma ideologia comunista, quais seriam os aspectos levados em consideração. Como ferramenta para essa constituição os autores expõe diferentes tipos de socialismo já antes pensados tais como; socialismo reacionário; socialismo conservador; socialismo utópico. Ao longo do capítulo vai argumentando sobra as falhas de cada uma das ideologias, traçando os prós e contras, e lapidando a teoria comunista como a unica válida para a igualdade, a justiça e a vida em grupo. Produz críticas e recorta o lado positivo dos diferentes socialismos. No socialismo reacionário observa 3 vertentes; feudal, pequeno burgues e o socialismo alemão todos considerados por ele como socialismos retrógrados e voltados sempre para os pequenos burgueses que teriam interesse em retomar o poder. No socialismo conservador observa-se o interesse burgues em manter a classe trabalhadora sob controle, não havendo a possibilidade de lutar ou de se rebelar, ele precisa do proletário e prega a dependência dele para a manutenção de um estado burguês. No socialismo utópico, apesar de ser o mais próximo da teoria comunista, pois possui um carácter que considera a luta de classes e, o mesmo não propõe um carácter político aos trabalhadores e proletários do que não se tornariam nem mesmo se sentiriam convocados a produzir uma revolução, promovendo uma reação, mas sem um carácter político.
Por fim, é possível observar e concluir através de uma análise crítica da obra proposta, que a teoria Marxista revolucionou a sociedade como um todo, Marx entendeu o capitalismo melhor do que o próprio capitalismo, apesar da sua proposição de uma teoria antagônica. O comunismo contribuiu para a constituição de melhores condições de vida aos trabalhadores, as mulheres e as crianças, promoveu uma revolução nos direitos dos mesmo e é até hoje considerado como uma teoria ideal para a luta de classes. Além de tudo Marx identificou o problema que é infelizmente ainda hoje um dos maiores problemas do capitalismo, a má distribuição de renda, o abismo social e a luta de classes opressoras e oprimidas. Apesar de seu carácter moderno o Marxismo faz-se hoje ainda como uma teoria contemporânea de análise social, econômica e política. “o marxismo volta-se para a compreensão da estática imanente à dinâmica social, concebendo a sociedade como uma segunda natureza e debruçando-se sobre o sempre-igual de fenômenos como o fetichismo da mercadoria. Hoje, no entanto, quando o engessamento do capitalismo parece ter chegado ao fim, muito do que se diz no Manifesto volta a ter uma inesperada atualidade.” (Ricardo Musse – Professor de Filosofia da FFLCH – Universidade de São Paulo – Artigo A atualidade do Manifesto Comunista – Publicado em 03 de maio de 2013)
Para concluir é importante lembrar que Marx compreende que os trabalhadores não possuem nada a perder, e que é necessária que se faça a união entre a classe para atingir o tão idealizado comunismo. “Por fim, Marx lança a sua proclamação, de que os proletariados não têm nada a perder a não ser “os seus grilhões”, dessa maneira única forma de atingirem os seus objetivos é pela união.” (Jefferson dos Santos Mendes – Professor de história no SESI/RS - Artigo O manifesto comunista e suas idéias – publicado na revista virtual consciencia.org – Em 20 de fevereiro de 2008)

Bibliografia:
MARX, Karl. Manifesto do partido comunista (Karl Marx com Friedrich Engels) – Tradução de Pietro Nassetti. São Paulo: Martin Claret, 2008.
MENDES, Jefferson dos Santos (Professor de história no SESI/RS) – “Artigo O manifesto comunista e suas idéias “ / publicado na revista virtual consciencia.org – Em 20 de fevereiro de 2008.

MUSSE, Ricardo ( Professor de Filosofia da FFLCH – Universidade de São Paulo) – “Artigo A atualidade do Manifesto Comunista” /  Publicado em 03 de maio de 2013.

domingo, 28 de julho de 2013

Da história da ciência - Miriam Limoeiro

O texto realiza uma abordagem científica acerca do método em um embasamento epistemológico, escrito por Miriam Limoeiro na década de 70, existe no texto uma aproximação com a teoria do conhecimento e o pensamento marxista, efetuando uma negociação entre a ciência e a filosofia. O texto expõe uma análise social do conhecimento, buscando investigar, analisar e criticar as diferentes metodologias e o modo como o conhecimento científico acontece na contemporaneidade.
Em um primeiro momento o texto aborda o método cartesiano, que é uma epistemologia a partir do conhecimento da natureza, onde um conjunto de regras seria responsável por garantir os resultados, ou seja, o conhecimento científico, uma técnica que levaria a padrões pré estabelecidos de pesquisa, limitando a obtenção do conhecimento ao método do pesquisador, sem a possibilidade da discussão para a criação de novos métodos ou novos critérios científicos, neste sentido a autora coloca uma critica a Descartes, com objetivo de demonstrar sua influência moderna nos métodos da contemporaneidade.
No período contemporâneo, o método cartesiano não consegue mais dar conta no âmbito das pesquisas científicas, pois o método estava se modificando e começando a ocorrer a análise da teoria a partir de um formato bem mais complexo, hoje há um rigor que impede o desenvolvimento de um trabalho com uma metodologia seguida tão severamente, em padrões pré-estabelecidos, tendendo sempre a questão dos discursos de validade. A partir dai o que se desenvolve é a experiência, como primordial no sentido da relação entre teoria e realidade., ou seja, uma prova.
No texto é possível conceber novos formatos de problematização do conhecimento, uma metodologia da pesquisa com proposta de avanço para a Ciência, através do desenvolvimento de um método técnico, racional, dotado de possibilidades que enxergue de modo reflexivo, como uma ferramenta científica, as limitações da pesquisa.  Sendo o método um conjunto de perguntas e respostas para a elaboração de um conhecimento, como desenvolver uma fundamentação teórica a partir disso? O conhecimento é uma relação entre o sujeito(pesquisador) e o objeto de sua preocupação teórica. Essa relação ocorre através da responsabilidade do pesquisador em compreender que suas formulações deveriam ser dotadas de explicações, motivações e com embasamento no contato direto como objeto de estudo.
A relação entre o pensamento e o sujeito, baseia-se em uma explicação concreta sendo essa parcialmente aceita pela sociedade. Não se constroem teorias sem interações sociais, pois são nessas que encontram-se as linguagens científicas, é importante acompanhar o discurso através da episteme e entender que individualmente não se constrói a ciência, não sendo possível sem a interação social obter um objeto de pesquisar sólido. Segundo o texto, a realidade, o real, a ciência da natureza, importam assim como para Descartes, mas não é o real que comando o processo de desenvolvimento  conhecimento da sua própria inteligencia. A realidade torna-se objeto de pesquisar apenas quando relacionada a algo.
A ciência é uma abstração a teoria, ela foge ao método, um dado científico apenas se constitui através do pensamento e do desenvolvimento do novo. Em um processo de teorização a pesquisa e o pesquisador lidam com os afetos de um modo que deve ser livre de dogmas, atendo-se apenas a episteme. Essa relação dialética entre observador e objeto, que geram um diálogo observador/objeto necessitam enfrentar uma ruptura para transcender o “objeto real”, dotado de distintas linguagens, apenas perceptivo, pautado no senso comum, atingindo com isto o “objeto científico”, que explica a realidade e possui linguagem e caráter científicos.
É importante compreender que a realidade não possui uma voz própria, a voz do real é a da racionalidade, é a do pensamento, um pensamento produz uma linguagem que gera um conhecimento científico ou uma linguagem ideológica, faz-se necessário então um empirismo, uma ferramenta científica de experimentação do mundo, gerando sim uma intervenção, ou seja, uma interferência do pesquisador sobre o objeto de estudo e sobre a teoria, mas é importante entender que há neste teórico um caráter de construtor da teoria, enquanto no empírico um carácter de verificador e validador da teoria enquanto prática.
Dentro da prática de pesquisar é importante compreender que nada surge “do nada”, existe uma descontinuidade, onde um projeto parte de uma outra pesquisa já desenvolvida anteriormente, experimentada e validade empiricamente por um outro pesquisador, porém é importante entender que as teorias apesar de se utilizarem umas das outras para a criação de novas teorias, se distinguem pois os métodos se diferem, isto é  não existe uma continuidade dentro das pesquisas teóricas. Cada grande vanço científico está marcado pela descontinuidade.
Para compreender melhor o pensamento desenvolvido no texto, existe um fluxograma que visa demonstrar que uma das características mais relevantes da ciência é o partir da descontinuidade, onde uma nova teoria acaba sempre por romper metodicamente a anterior, sendo a ciência uma incorporação do novo para a criação, mas com uma característica comum a odas as teorias científicas, o rompimento com o senso comum. A ciência deve buscar sempre servir a sociedade, e mesmo aquilo que um dia foi conhecimento avançado e arrojado, pode tornar-se vulgar e antiquado, mas jamais perderá sua característica de conhecimento. Ou seja, descontinua-se o método e o objeto mas não desconsidera-se jamais aquela teoria.
O fluxograma que pretende desenvolver melhor um esquema didático para a compreensão dos elementos teóricos, separando as etapas de desenvolvimento de um esquema teórico em duas, uma antes do romper com o senso comum e uma outra após. No ponto inicial da pesquisa encontra-se o senso comum, a experiência sensível, linguagem do senso comum, após o desenvolvimento teórico, dotado de método, técnica e um objeto real, atingi-se um ponto de não retorno, que seria um limite de avanço que levaria ao rompimento com este senso comum. Após este rompimento, tem-se experiência do método científico, pautada em ma crítica a um outro método científico que a antecede, gerando através da linguagem do método uma teoria nova de entendimento do real no espaço-tempo.
O problema que se sucede é o problema da neutralidade do pesquisador em não inserir conhecimentos ideológicos dentro da sua pesquisa científica pois a ciência e a constante contestação da realidade como é imposta, as pessoas que não fazem ciência acreditam na ciência como ela se constitui sem haver questionamentos, o cientista deve sempre romper com o conformismo de uma teoria, mesmo que esta seja dele próprio, buscando sempre esta ruptura com o senso comum exposta no fluxograma textual. Pois toda a teoria tem seu poder transformado com o tempo, isto está marcado pela descontinuidade das descobertas científicas que se tem conhecimento até a contemporaneidade.

Sendo assim, o método, que é o objeto de pesquisa do texto, não possui um carácter absoluto no entendimento da autora, os métodos se transformam, estão presos ao tempo em que se caracterizam, eles se modificam como as antigas teorias, os antigos conhecimentos, para os métodos não existem normatizações, não existem carácteres, não existem regras, eles se reinventam, como a própria ciência, livre de preconceitos, distanciando-se da mera sistemática cartesiana. A ciência se reinventa, ela se acumula, mas é sempre pautada na descontinuação e em suas criações e produções de conhecimento teórico.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Cidadania

Entender a cidadania  no contexto educacional, com intuito de identificar as dificuldades práticas da mesma, compreendendo o que a cidadania ainda não é, pensando a cidadania em seus problemas de execução e a responsabilidade da escola nas práticas cidadães. Além destes, existe o interesse em entender os limites da legislação no pensamento dos socialmente excluídos, pois a lei geral não discrimina e o ideal democrático por vezes entra em conflito com as necessidades das minorias. Neste contexto é importante compreender ainda o papel da escola na formação da criança e do adolescente e seu significado na manutenção de um estado democrático, tentando entender quando devemos atribuir a noção de cidadania e quando queremos atribuir esta mesma noção.
A democracia se deu primeiramente e historicamente no contexto da Grécia Antiga, quando os gregos percebem pela primeira vez que necessitam tomar posse e assumir de modo reflexivo suas leis, tirando este poder das mãos dos deuses. Concebendo a ideia de que são responsáveis pela prática do pensar sua cidade(Pólis) e suas leis, desenvolvendo uma noção de poder reflexivo, tornando-se assim criadores de sua própria sociedade. Os gregos foram os pioneiros na prática política, sendo ainda os criadores da palavra e pioneiros ainda na prática da democracia, pensando os valores ético-morais de sua sociedade, suas legislações e seus procedimentos jurídicos, debatendo o que seriam praticas boas, ruins, certas e erradas.
Assim, os gregos na constituição e uso pioneiro da política, constituem nela uma prática social de pensamento e estruturação dos interesses coletivos de uma Pólis. A partir da política é possível conceber a ideia do que seria o cidadão, além de uni-los na reflexão dos interesses comuns a toda a cidade, tornando-os iguais, definindo suas práticas de cidadania. A existência da democracia implica necessariamente a existência da política, a política precisa ser pensada para a instituição da democracia, pois apenas quem pensa a política exerce a cidadania. Dentro deste ideal democrático de prática da cidadania é importante  entender como preparar e desenvolver os indivíduos para se inserir nesta sociedade, como a escola deve ser pensada para transmitir ensinamentos que insiram as crianças e os adolescentes cenário político, combatendo as diferenças e intolerâncias, pensando uma sociedade mais igualitária. Então o exercício da cidadania encontra-se na participação política total e efetiva do cidadão.
A questão encontra-se também em compreender quais são os reais compromissos de uma sociedade democrática. A cidadania é considerada uma prática da coletividade, com fim na participação total e plena dos cidadãos na deliberação total das atividades comuns a todos na cidade, desenvolvendo valores, legislações e burocracias com igualdade de direitos e participação. A cidadania é uma prática jurídica que institui os valores da democracia, sendo a escola neste contexto apenas uma ferramenta de construção.
A escola publica seria o local para a preparação dos indivíduos para exercer a cidadania, não sendo ela o local do exercício pratico, mas sim do entendimento teórico, do pensar e do refletir a prática, pois ela é democrática, universal e laica, constrói futuros cidadãos, atuantes ou não dependendo da forma como o ensino é conduzido, da família a qual este indivíduo pertence, entre outros fatores externos. A definição do que é necessário para exercer cidadania deve ser a temática da escola, fazer com que os alunos exerção análises críticas e reflexivas acerca das práticas da cidadania, delimitando seus limites e suas limitações, sendo este em parte o papel do professor. Não plenamente, na escola democrática o pensamento social deve ser parte da construção e do desenvolvimento do cidadão político e politizado, pois a política é aquilo que pertence a todos e não deve ser partilhada, iniciando-se pela definição do seu próprio espaço público e comum a todos os cidadãos.
A democracia gera uma ampla discussão acerca do que deve ou não ser partilhado, ela não é em igualitária economicamente, ou seja, não equilibra as concentrações de renda, mas ela busca entender e deliberar sobre assuntos políticos comuns a todos os como a posse de terras, os meios de produção, acesso à informação, saúde e cultura. Sendo assim, a democracia nada mais é do que uma discussão aberta e continua sobre as delimitações do que é o público e do que é o privado, discussão essa que só é comum as práticas democráticas, não sendo constatada em outros modelos políticos. Então a atividade política é uma prática que só a democracia constitui efetivamente.
Retornando ao contexto da questão democrática da educação, temos por definição que educar é envolver os indivíduos em uma prática de socialização, tornando-os extremamente capazes de refletir e analisar sua sociedade e agir de modo a exercer sua cidadania. A escola pública tem por objetivo a inserção de todos os indivíduos no contexto de sociedade, levando-os ao desenvolvimento das capacidades acima descritas. A escola é então primordialmente um instrumento de construção da democracia, pois prepara os componentes da sociedade democrática ou seja, os indivíduos sociais, como praticantes da cidadania. É preciso que os homens preservem a sociedade democrática, enxergando seu valor, sendo capazes de defendê-la para que a mesma não seja ameaçada. “ Se a polis são os seus cidadãos, não é bastante fabricar leis e estatutos, por melhores que sejam, é preciso formar homens capazes de habitar essas leis e de colocá-las em prática...” (VALLE, Lilian – Educação Cidadania e Exclusão – página 35)
O individualismo não se opõe as práticas sociais, pois todos os homens para firmarem suas crenças e valores sociais necessitam estar inseridos em um contexto coletivo(social) para então, almejar racionalidade, deliberações pessoais e autonomia existencial. O homem se constrói no contato com o outro, aprendendo a dialogar e aceitar as diferenças, sendo esta parte da responsabilidade designada a escola; levar o indivíduo a entender que ser cidadão não é apenas conhecer as leis mas sim aprender convívio social, justiça e igualdade. “Todo indivíduo é um indivíduo social” (VALLE, Lilian – Educação Cidadania e Exclusão – página 36)
A escola deve ser então, capaz de contribuir para a construção de uma democracia, formar sujeitos aptos a exercer a cidadania, sendo irrelevante a raça, crença, classe social ou qualquer outra diferença, pois independente de questões individuais primeiramente todos os alunos terão a cidadania como prática comum. Isto foi compreendido após a Revolução Francesa, que entendeu que inserir os jovens em um contexto social(escola) é garantir um futuro melhor para a própria sociedade. As crianças não seriam mais os filhos de alguém quando possuírem família, ou de ninguém quando solitários, tornando todos igualmente filhos da pátria, atribuindo a criança e ao adolescente um status político de inserção social, seriam estes as figuras do amanhã, dando origem neste contexto a criação da escola pública.”A escola é pública, e universal, e gratuita, e laica, porque se considerou que a construção de igualdade política dos futuros cidadãos não poderia ficar a cargo da iniciativa privada, nem submetida as diferenças sociais, nem ao poder aquisitivo ou à crença de cada família.” (VALLE, Lilian – Educação Cidadania e Exclusão – página 39)
Como conclusão analisa-se que a escola é ou deveria ser um ambiente de preparação do aluno para se desenvolver individualmente e coletivamente por estar inserido em uma sociedade. A escola democrática deve preparar o estudante, criança ou adolescente para ser o representante político do amanhã para entender melhor suas leis, o que não acontece atualmente no Brasil, pois as leis passaram a ser atribuição de poucos. A escola deve também preparar os indivíduos para possuírem algo comum a todos os outros pertencentes a sua sociedade política construindo com isso uma ferramenta de igualdade sendo esta a cidadania.

A educação escolar prevê o desenvolvimento das capacidades de diálogo a liberdade de expressão o pensamento crítico o convívio com respeito as diferenças e o desenvolvimento da disciplina, todas estas práticas na escola pública de hoje, que encontra-se em crise, deixam a desejar, pois há um desconhecimento público do papel político da instituição escolar, o professor é desencorajado, convencendo-se de que suas ações não tem valor nem importância social, isso se reflete em uma educação de baixa qualidade, que forma cidadãos não atuantes e incapazes de refletir sua sociedade, crer em ideais, sendo apenas massa de manobra de uma minoria elitista que controla sistematicamente uma democracia não para o povo, mas para as corporações. Esta crise educacional precisa ser analisada e refletida de modo bem crítico, sendo contornada antes que se coloque em cheque a existência de uma sociedade democrática de fato, com uma cidadania efetiva coisa que no Brasil nunca ocorreu.

Claridade

E no pecado do pensamento
Transcendo a sensação do medo
Respiro a coragem que conduz
Trazendo para perto um suspiro
Ousadia constante que cadencia
A infinitude da indefinição

O ser não mais comove o acaso
Essa linguagem produz então.
A magnífica sensação do calor
Sentindo como maquina agindo
Trazido por poros complexos
Suor transpirando conflitos

E na mente confusa incertezas
Na moral a ineficiência do viver
caminhando o insinuoso labirinto
transmitindo a fisionomia do perdido
Como se na resposta morasse a convicção
Abandono a coragem de atingi-lá

E na conclusão a falha do existir
No engano a repetição ambígua
Devaneios da saudade no peito
da saúde do entendimento
presencio as rugas da verdade.


terça-feira, 16 de julho de 2013

Mulher e Educação

Em uma análise da estruturação do mercado de trabalho feminino, tem-se que as mulheres encontram-se em desvantagem percentual, numérica e hierárquica, ocupando assim nos EUA menos de 20% dos cargos gerenciais e de poder e chefia. Estes números vem felizmente crescendo,aumentando a quantidade de mulheres em cargos de maior nível acadêmico e hierárquico, mas as mulheres ainda são maioria nos cargos proletários e de professorado, principalmente para alunos do primeiro segmento da educação(Educação Primária). Mesmo com poucos cargos de chefia executiva, são maioria ainda nas grandes empresas e nos escritórios.
Além do posicionamento hierárquico inferior que as mulheres ocupam, possuem baixos salários, que são a marca do contra-cheque feminino se comparando-as ao sexo masculino, sendo este um dado referente a Inglaterra e aos Estados Unidos da América. Ainda com maioria feminina trabalhando em cargos de meio período pois a mentalidade social é patriarcal e alega que a mulher precisa de tempo livre pois deve dedicar-se ao cuidado com o lar e com a criação dos filhos. A ideia central é demonstrar e trazer para estes dados inicialmente expostos uma justificativa histórica da educação. Onde visa demonstrar a que a escola neste contexto possui uma imensa responsabilidade. Até porque a mesma foi pensada e estruturada pelo sexo masculino.
Mulheres vem ocupando os cargos de trabalho proletariado da sociedade devido ao fato de empregos com autonomia estão em declínio, dando lugar para os empregos em cargos de submissão e reportação a grandes corporações, o que leva o homem a se desinteressar e buscar a autonomia no mercado de trabalho enquanto a mulher supre a necessidade das corporações ocupando os cargos menos autônomos ainda restantes. A desqualificação de certos tipos de trabalhos e empregos, levam as mulheres a tornar-se mais interessantes para os mesmos pelo baixo custo de sua mão de obra e levando-as a ocupar estes cargos por preços mais baixos o que é deveras interessante para o mercado produtor. Outro fator importante e relevante é que a ocupação do mercado de trabalho por parte das mulheres deu-se com um “boom” onde muitas mulheres passaram a buscar emprego de uma vez, gerando uma oferta de mão de obra muito grande frente a procura e necessidade do mercado, tornando sua mão-de-obra mais barata que a do homem.
No caso da história da tarefa docente, o magistério de nível primário por tratar do cuidado e da educação da criança, foi facilmente visto como uma oportunidade de introdução da mulher no mercado de trabalho, pois o cuidado infanto juvenil e a educação infantil já eram tarefas da mulher dentro do lar, sendo a educação da criança uma ocupação feminina, e ainda sendo considerado um trabalho de menor dificuldade, banalizado, tornando-se assim desinteressante para o sexo masculino. O mesmo ocorreu com os trabalhos de escritório no século XX, que foram sendo transcendidos pelos homens devido a necessidade extrema da expansão das áreas de atuação empresarial e o aumento da oportunidade de recrutamento para os cargos de gerencia e chefia, levando os homem a ocupá-los, o que ocasionou consequentemente um descaso com os cargos de nível hierárquico inferior, sendo os mesmo cargos em sua maioria ocupados pelas mulheres.
A mulher era vista como inferior frente ao mercado sendo de menor status sua atuação pelo simples fato dela ser mulher, o que ocasionada uma desvalorização de sua mão de obra. Em 1870 surge uma popularização do ensino de massa, onde uma maior quantidade de alunos ingressou no ambiente escolar, havendo assim uma necessidade de contratação de uma maior mão-de-obra docente na prático do magistério, como esta necessidade de um maior contingente de trabalho para reprodução do ensino iria encarecer o preço da educação, esta mão de obra tornou-se feminina por se tratar de uma força braçal mais barata, ou seja, de menor remuneração, chegando a ser cerca de apenas 1/3 da remuneração a um professor homem. O magistério passa assim a se tornar uma prática de maioria feminina, pois os homens abandonaram o oficio em busca de melhores salários e melhores condições de trabalho.
É importante destacar que os homens ainda que afastados das práticas docentes do magistério ainda se ocupavam dos cargos de maior nível hierárquico como os cargos gerenciais dentro das instituições de ensino, sendo ainda os reguladores das normas e diretrizes de uma escola, colocando a mulher novamente em posição de submissão e obediência as regras patriarcais no que tange a conduta normativa e os conteúdos e disciplinas aplicadas nas práticas escolares. As segregações de gênero, eram uma importante ferramenta de controle da sociedade sobre a mulher e sobre a prática da mesma dentro do ambiente escolar.
A busca feminina por emprego e um lugar no mercado de trabalho se deu não apenas por amor a prática docente ou uma busca por um status social inicialmente, mas sim por uma necessidade financeira por parte da mulher proveniente de uma família de baixa renda, onde essa mulher tinha a necessidade de ajudar no sustento da família. Só depois da segunda metade do século XX que a mulher passa a enxergar vantagens na prática do magistério, buscar o status social e ainda tornar-se independente. Para algumas mulheres a vida de casada parecia uma servidão ao homem e uma “Inutilidade social”. As mulheres da segunda metade do século XX, segundo relatos,  propuseram uma educação socialmente voltada para uma revolução social, onde era importante o ensino inclusive do papel social da mulher. O magistério era visto como um emprego provisório até que a mulher se casasse, isso deixava alguns críticos da atuação da mulher na escola preocupados com a qualidade do ensino por parte das mulheres.
No final do século XIX e no começo do Século XX, algumas mulheres da classe média começaram a se interessar pela prática docente, o que gerou uma luta de classes dentro do senário feminino no magistério, existiam dois tipo de classes de ensino, as classes para trabalhadoras e as classes para mulheres de classe média, com diferentes temáticas, uma para cada classe social, consequentemente causando uma luta de classes dentro do cenário educacional, mesmo com essas distinções de classe, havia ainda o problema do baixo status da mulher no mercado de trabalho, e essa luta entre as classes trabalhadoras e a classe média, veio apenas mascarar isso.
Uma consequência positiva da inserção da classe média neste contexto foi a criação de um currículo para ambos os sexos, unificando o ensino. O ensino básico era dividido de modo segregatório, onde as provas de admissão as escolas primárias se davam com temáticas distintas para homens (que exclusivamente possuíam aulas de ciências, álgebra e matemática), mulheres trabalhadoras e proletárias (que tinham matérias como bordado e costura), visando uma formação para atuação no mercado de trabalho industrial por exemplo, mulheres que praticariam o magistrado (que aprendiam matérias de cunho pedagógico) e mulheres que se formariam para as práticas domesticas (aprendendo etiqueta, e economia domestica). Porém todas sempre depreciando a mulher colocando-a em uma posição social de inferioridade e de baixa remuneração.
Apesar de toda a luta e toda a visão patriarcal que prejudicou a mulher ao longo da história, as professoras jamais foram passivas, buscando sempre lutar pelos seus direitos e conquistar melhores condições de vida, trabalho, salário e reconhecimento da importância da prática docente na formação não só do cidadão, mas do ser humano, as professoras não se submeteram a isso caladas, sempre agiram em busca da melhoria de suas vidas, e esta luta ainda não acabou, e perdurará por muito tempo, sendo a prática docente mesmo que mais igualitária e mais valorizada uma prática ainda de pouco valor frente a atuação que possui, a luta deve continuar, a mulher precisa ser valorizada pela sociedade pois exerce tão bem e as vezes até melhor do que o homem suas atribuição no trabalho, no lar e na vida.



terça-feira, 2 de julho de 2013

Não dá!

Não tenho paciência para a prática,
Não tenho saco para a teoria,
Uma "zé ninguém", desperdiçando palavras.
Uma "multidisciplinar" que não disciplina nada,
sou essa eterna falta de ser,
mudo e quando mudo, mudo de novo,
não existo e as vezes existo demais,
Provoco, sofro, desafio, ouso não tentar
 e quando tento sem vontade eu erro.
Detesto a crítica e por isso vivo me criticando
Quero estar no controle, pq não estou
Quero o que não tenho, se tenho, não obrigada!
E me pergunto o que fazer de mim?
Pareço não caber nesse mundo.
Será que sirvo? Será que devo?
Onde estou? Óh! Eu de minha plenitude!
Onde não me encontro? Preciso "estetizar" as coisas
preciso julgar, preciso parar, preciso mesmo sempre pensar?
E há quem me chame de ignorante.
Duvido mesmo de mim, acho que são palavras inválidas,
Acho perda de tempo sacrificar
E me mato, aos poucos.
Desacreditando, indo e voltando, não dá pra confiar?
Você acredita?